COMO SERÃO OS SUPERMERCADOS DO FUTURO? SAIBA COMO STARTUPS BRASILEIRAS ESTÃO MUDANDO AS GÔNDOLAS
03/05/2021
Nunca mais esperar na fila para passar seus produtos no caixa. Assim funciona a Amazon Go, a marca de lojas autônomas da gigante de tecnologia Amazon. Os consumidores colocam produtos de padaria, orgânicos ou refeições prontas em suas sacolas e saem andando – um cadastro prévio no aplicativo da Amazon Go permite descontar a fatura direto do cartão de crédito. Câmeras instaladas na loja são responsáveis pelo reconhecimento dos usuários e das mercadorias, além do escaneamento de QR Codes por meio dos smartphones dos usuários.
Mas não apenas a Amazon está de olho em digitalizar as compras de itens essenciais. As startups atacam setores com grandes tamanhos e oportunidades – e o de supermercados ganhou destaque durante a pandemia de Covid-19.
Apenas no Brasil, o faturamento dos supermercados brasileiros foi de R$ 378 bilhões em 2019, segundo o Ranking Abras/SuperHiper. Os números de 2020 ainda não foram divulgados, mas devem apontar maior ida aos supermercados diante do fechamento de bares e restaurantes durante boa parte do ano.
O Brasil tem 644 startups que atuam com varejo, segundo o Distrito Retailtech Report 2020. Suas soluções servem para desde melhorar processos internos dos estabelecimentos até ajudar consumidores com conveniência de compra ou com ofertas personalizadas.
O InfoMoney ouviu um especialista de inovação para o varejo e alguns fundadores de retailtechs para entender como os últimos meses trouxeram à luz a necessidade de digitalizar um setor de números tão imensos quanto sua tradição.
Do código de barras ao smartphone
Alejandro Padron, cofundador do espaço de inovação para o varejo OasisLab, afirma que a história do setor de supermercados com a tecnologia começou na década de 1950, com os códigos de barras. “Foi a primeira inovação quando falamos em automatizar a frente de caixa. Depois teríamos as maquininhas”, explica.
Uma segunda onda de tecnologia nos supermercados foi a de modernização da administração (backoffice), com sistemas de gestão (ERPs). “A maioria desenvolveu sistemas dentro de casa, porque o varejo tem suas peculiaridades na comparação com indústrias que já adotavam ERPs.”
Para Padron, a terceira onda de tecnologia nos supermercados foi a participação no comércio eletrônico. “A pressão dos consumidores por conveniência recaiu também sobre os supermercados. Aquela discussão antiga sobre ter lojas físicas e virtuais juntas ou separadas acabou: o amadurecimento trouxe a compreensão de que o contato com o cliente deve ser um só, ainda que ele apresente diversos comportamentos de compra.”
Todas essas relações foram impulsionadas nos últimos anos, pelo maior acesso à internet e aos smartphones. Também permitiu que startups pudessem criar soluções de uso mais simples e por custos menores para supermercados de diversos portes.
“A explosão das startups trouxe um novo modelo de tecnologia para as empresas. No lugar de um sistema legado complexo, elas preferem ter um conjunto de startups com diversas soluções. Pode-se fazer um piloto de pouco tempo e investimento mínimo com cada uma delas, e muitas startups apresentam cobrança flexível ao uso e ao resultado. Com isso, atingem inclusive negócios de pequeno porte”, diz Padron.
Esse potencial transformou as retailtechs não apenas em fornecedoras, mas em alvos de aquisição por supermercados. O Grupo Pão de Açúcar adquiriu o empreendimento James Delivery em 2018. A B2W fez um movimento similar em 2020, comprando o serviço de entregas Supermercado Now.
“O varejo como um todo está em um processo de comprar empresas – basta ver os anúncios de empresas como a Magazine Luiza. É natural a consolidação das startups de ponta, seja por aquisição ou por crescimento independente.”
A pandemia ajudou a acelerar o processo de transformação digital dos supermercados, na visão do cofundador do OasisLab. “As pessoas ficaram mais casa e começaram a interagir com recursos digitais. Não precisam mais ponderar se o mercado terá o produto de que precisam naquele momento, por exemplo. A pandemia vai passar, mas parte dessas conveniências vão permanecer como um hábito.”
Compra simples, cliente próximo
Padron diz que as startups costumam trazer dois benefícios aos supermercados quando falamos de tecnologias específicas para apresentação ao consumidor: a simplificação da compra e o aprofundamento da relação com o cliente.
A Payface tem acompanhado a corrida pela digitalização do setor na frente de simplificação da compra. “Os aplicativos não ficaram apenas para delivery, mas entraram dentro dos supermercados”, diz o cofundador Eládio Isoppo.
Isoppo foi executivo em empresas como Softplan e Fast Shop antes de empreender. Juntou-se a Ricardo Fritsche, também empreendedor e especialista em reconhecimento facial, para criar uma solução que reduzisse as filas em estabelecimentos.
Fonte: InfoMoney