COMO O COMÉRCIO ESTAVA NA CHEGADA DA PANDEMIA
O comércio apresentava sinais de enfraquecimento no início do ano passado, quando foi atingido pela pandemia. Medida pelo número de empresas e pelo pessoal ocupado, a atividade comercial vinha encolhendo desde 2014, de acordo com a Pesquisa Anual do Comércio do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os dados são consolidados até 2019. Muito provavelmente os de 2020, a serem conhecidos no próximo relatório do IBGE, reforçarão essa tendência.
A pesquisa do IBGE mostra a evolução de indicadores do comércio entre 2010 e 2019. Examinados apenas alguns dados dos extremos dessa série, pode-se pensar que o comércio se expandiu em dez anos. O pessoal empregado, por exemplo, passou de 9,03 milhões em 2010 para 10,16 milhões em 2019, com aumento, portanto, de 12,5%.
Mas nem todos os outros indicadores apresentam crescimento entre o início e o fim da série abrangida pela pesquisa. E mesmo alguns que mostram crescimento, como o número de empregados, alcançaram o pico na primeira metade do período e vêm caindo há anos.
O número de empresas cresceu substancialmente entre 2010 e 2013 (passou de 1,54 milhão para 1,62 milhão, aumento de mais de 5%). Mas nos anos seguintes passou a cair. Entre 2013 e 2019, a redução foi de 11,7%.
Embora tenha aumentado na comparação entre 2010 e 2019, o total de empregados no comércio em 2019 era 4,4% menor do que em 2014. Passou, nessa comparação, de 10,63 milhões para 10,16 milhões de pessoas. Em relação a 2018, o pessoal ocupado em 2019 diminuiu 0,4%.
No último ano da série pesquisada pelo IBGE, o comércio ainda enfrentava os efeitos da recessão iniciada em 2015, como consequência do fracasso da política econômica da presidente Dilma Rousseff. Na pandemia, foi um dos segmentos mais duramente atingidos, por causa das restrições às vendas presenciais. Esse impacto será aferido na próxima pesquisa.
Ao longo do período abrangido pela pesquisa, houve mudanças estruturais no setor, que é dividido em três grandes áreas: comércio de veículos, peças e motocicletas; comércio por atacado; e comércio varejista. Cada área tem vários segmentos. O de veículos automotores, que era o segundo mais relevante do comércio em termos de receita em 2010, caiu para a quinta posição em 2019.
Fonte: Estadão